Tinha as mãos e o coração no bolso. Na bagagem, poucas certezas, daquelas que não cabem em posts de facebook. Já as incertezas eram inúmeras, algumas até registradas em cartório. Do que ganhava, pouco ou nada sobrava. Fosse dinheiro, fosse paixão. Era uma péssima administradora. Não queria o fim das coisas, nem falir seus relacionamentos, mas o fato é que, mesmo depois de tanto tempo, não sabia calcular os riscos, nem prever os gastos. Era assim: desapegada e apegada ao mesmo tempo. Foi então que, num instante, decidiu ir. Decidiu, assim, na cara dura, como quem decide comprar pão tendo notado que os que ainda restavam mostravam-se murchos ou duros. E, com uma caixa de ansiedade na mala, já sentindo saudade dos seus e se apaixonando de antemão pelos futuros amores, mais uma vez, ela foi. Só foi.